Jornal Nova Geração

ESTRELA

Safra de verão inicia com produtores apreensivos

Após dois anos de seca que causaram prejuízos milionários para a agricultura, o indicativo de mais uma temporada com o fenômeno La Niña trava maiores investimentos. Antecipação do plantio se torna uma alternativa para fugir dos períodos sem chuva

Para fugir da previsão de estiagem, plantio do milho foi antecipado por parte dos produtores (Foto: Jhon Willian Tedeschi)

A histórica estiagem de 2021 que espalhou perdas pelo estado trouxe aprendizados para os produtores do município. O período anterior foi considerado frustrante e os investimentos são mais tímidos este ano. O prejuízo estimado na produção rural foi de cerca de R$ 75 milhões, sobretudo no plantio de milho e soja, e muitos anteciparam o plantio para tentar recuperar os valores perdidos.

No entanto, as projeções meteorológicas não são as mais animadoras para os agricultores, com a perspectiva de mais um ano com o fenômeno La Niña. De acordo com a Emater, a tendência é de um verão com chuvas abaixo da média, mas sem a certeza se será uma seca severa ou não.

Além disso, há um desalento quanto à burocracia e altos custos para implementação de sistemas de irrigação. Para se resguardar, o produtor tem buscado os seguros agrícolas para cobrir eventuais perdas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) do município, Rogério Heemann, conta que em relação a sistemas de irrigação pouca coisa foi feita. “Isso tudo envolve custo, um investimento muito alto.”

O plantio do milho para a safra de verão iniciou na segunda quinzena de julho. A maior parte da produção em Estrela é destinada à fabricação de silagem para alimentação do gado leiteiro. “Conversando com os produtores de leite, quem conseguiu fazer alguma coisa de silagem, teve uma qualidade muito baixa. A vaca leiteira precisa da energia que está dentro do grão do milho. Sem isso, eles tem que dar mais ração para compensar e isto aumenta o custo de produção, que já é alto”, explica Heemann.

Diversificação como alternativa

Na Linha São José, o produtor Felipe Müller tem como foco o plantio do milho. Como o ano passado foi “bem complicado e atípico” e com a projeção de um clima semelhante para 2022, ele antecipou o plantio para esta safra para minimizar a possibilidade de quebra, principalmente no mês de novembro. “Estamos bem preocupados, mas vamos fazer a nossa parte. Plantamos o milho mais cedo e utilizamos sementes de ciclos curtos.”

A terceirização de serviços de colheita e a venda de silagem e feno serviram para variar a carta de atividades e ajudaram a propriedade nos últimos dois anos de seca. “Diversificação nos deu um grande auxílio. Os prejuízos aconteceram, mas não foram tão grandes por causa disso. Sempre conseguiu se salvar por algum lado”, conta.

Investimentos conservadores

Os produtores tem uma perspectiva otimista quanto à disponibilidade de recursos para financiamentos, mas a instabilidade da economia global desencoraja movimentos mais arrojados. “No momento, o juro está muito alto. Aconselho o agricultor a não investir muito, tudo pode mudar daqui um, dois anos”, sinaliza Heemann.

Müller vai na mesma linha do presidente do STR. Ele também atribui as incertezas a alta dos juros e ao período eleitoral para evitar maiores investimentos. “Sempre se tem um pouco de receio, nunca se sabe o que vai vir pela frente. Optamos esse ano por dar uma freada em questão de investimentos”, afirma.

Disparada nos custos

Se os juros altos travam investimentos, o custo dos insumos é um desafio diário a ser superado pelos agricultores. Após sete anos sem problemas de estiagem, os dois últimos anos de seca durante a safra afetaram as finanças dos produtores. “Estão colocando menos adubo por hectare e reduzindo a qualidade, porque o custo do fertilizante, das sementes e dos defensivos estão todos muito altos”, relata o representante do STR.

O que é o La Niña?

Por três anos consecutivos a safra de verão deve ser impactada pelo fenômeno climático La Niña. Com isso, há projeção de chuva abaixo da média a partir de outubro. Esse cenário pode perdurar ainda no início do próximo ano e comprometer o desenvolvimento das lavouras de milho e soja.

Conforme institutos de meteorologia, com a permanência do La Niña há o esfriamento das águas do Oceano Pacífico e isso impede o deslocamento de áreas de instabilidade ao Sul do país. Essa condição climática também é indicada como responsável pela incidência de frio durante a primavera e até mesmo formação de geada tardia a exemplo do que ocorreu durante este mês.

Projeção de área plantada

  • Milho silagem – 5.850 hectares
  • Soja – 1.920 hectares
  • Milho grão – 1.050 hectares
  • Trigo – 600 hectares
  • Cevada – 6 hectares
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