Jornal Nova Geração

PARA 2023

Projeções do agronegócio elevam confiança aos rumos da economia

Expectativa de nova safra recorde e valorização dos produtos geram otimismo a analistas. Ainda assim, a mudança de governo e a instabilidade econômica global causam insegurança a alguns produtores e empreendedores

Valorização das commodities impulsiona aumento de área e perspectivas de safra recorde para 2023. Crédito: Arquivo/A Hora

As novas projeções após período eleitoral mantêm tendência de incremento na área de grãos. Em nível regional, são 1,7 mil hectares a mais na comparação com a safra passada, o que representa quase 3%. Já pelos números nacionais o aumento da produção é estimado em 15,5% o que deve gerar recordes nos segmentos de milho, soja e trigo.

O cenário corrobora para a manutenção da retomada econômica frente a expectativas sobre o novo governo. Pela análise do ex-presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann, o fator político não deve impactar o desempenho dos negócios no país. Ele concedeu entrevista ontem à Rádio A Hora 102.9 onde reiterou as oportunidades para os próximos anos.

Na região, a confiança no agronegócio brasileiro faz surgir importantes investimentos. A Languiru anunciou a compra de unidade de grãos na área portuária de Estrela. O valor previsto para o negócio chega a R$ 40 milhões. Outra cooperativa a confirmar expansão é a Arla. Estão previstos R$ 35 milhões para novos silos, lojas e centro logístico.

Conforme o presidente da Arla, Orlando Stein, os valores já foram aprovados pelo conselho e há uma expectativa muito forte para o agronegócio. “Nossa preocupação é que o governo não interfira nas relações de mercado. Se deixar da forma como está teremos muitas oportunidades em fornecer alimentos ao mundo.”

Além do desempenho do agronegócio, outros indicadores econômicos geram otimismo ao mercado. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3%, queda da inflação e recuo na taxa básica de juros estão entre elas.


 

Crédito: Divulgação

ENTREVISTA – PAULO HERRMANN • EX-PRESIDENTE DA JOHN DEERE BRASIL

“Brasil é muito maior que uma disputa política”

A Hora – O empresariado regional apostou muito na continuidade do modelo de governo. Com o resultado da eleição fica o sentimento de frustração. Quais as perspectivas para o futuro econômico do país?

Paulo Herrmann – Tivemos uma eleição onde para muitos era o bem contra o mal. Mas por outro lado o Brasil é muito maior que uma disputa política. Terminou a eleição, foi declarado o presidente e agora é preciso olhar para frente.

Se algo precisar ser corrigido no sistema eleitoral, que seja feito pelos congressistas. O PIB vai passar de 3% e o agro vai plantar 3 milhões de hectares a mais do que no ano passado, frente a valorização das commodities. Não há motivos para questionar o crescimento, isso não depende de quem estiver no governo.

– Em cinco anos os processos trabalhistas voltaram ao patamar de 1992. A reforma encorajou empresários na contratação de profissionais. Com o novo governo pode haver retrocessos?

Herrmann – É preciso separar o que é discurso político da realidade. Em uma disputa acirrada a campanha vale tudo. Falam aquilo que o eleitor quer ouvir. Não há clima para avançar com alterações no Congresso. Aliás, a reforma implementada veio para proporcionar algumas alterações, mas não para tirar conquistas dos trabalhadores. Haviam exageros, mas as garantias seguem intactas. Dificultou para quem via na Justiça uma forma fácil de fazer dinheiro.

– A equipe econômica ainda não está definida, o que se percebe nos bastidores sobre o perfil do governo Lula?

Herrmann – O governo Lula não será do PT. Ela já falou disso nos bastidores por diversas vezes. Vai construir uma equipe de consenso, um grupo para unir o país. Afinal, essa é a última chance dele corrigir a rota de sua história. Não acredito que a equipe econômica vá jogar por terra as conquistas que foram feitas até o momento. Além disso, ninguém pode ir contra o agro que gera 140 bilhões de dólares de excedentes ao ano. Não tem como colocar em pé qualquer política econômica sem que o agro seja o protagonista.

– Há o movimento de jovens com intenção de deixar o país. Em muitos casos influenciados pela bolha de notícias falsas. Qual o recado a este grupo?

Herrmann – Eles aqui no Brasil podem ser cidadãos de primeira linha. No exterior precisam competir com os locais e ficam em segundo plano. Diante disso, posso dizer que não há país com maior chance de crescimento. O agro é o centro da economia brasileira e nada vai afetar seu desempenho. Enquanto isso, a Europa e os Estados Unidos vivem um cenário mais complexo e sem essa força jovem.

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