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VIVER CIDADES

Poluição atmosférica: inimiga à saúde de todos

As principais fontes de emissão de poluentes são os veículos movidos a combustíveis fósseis, as indústrias e a queima de lixo

Veículos movidos a diesel são os que mais poluem (Foto: Luciane Ferreira)

“A poluição do ar é um dos maiores riscos ambientais para a saúde, pois está associada a doenças cardíacas, derrames, câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas e agudas, incluindo asma.” A afirmação é de Luciano Nunes Duro, médico de Família e Comunidade e epidemiologista.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) quase toda a população do mundo (99%) respira ar que excede os limites de qualidade recomendados pela própria OMS. As principais fontes de emissão de poluentes são as indústrias, a queima de lixo, os veículos automotores e aviões, além dos processos naturais como erupções vulcânicas, tempestades de areia e incêndios florestais. São substâncias que alteram as características naturais da atmosfera, como material particulado presente na poeira e na fumaça, agentes biológicos e gases.

Para o médico, a principal maneira de proteger as pessoas da poluição do ar é reduzir sua produção. Políticas e investimentos de apoio a transportes mais limpos, residências energeticamente eficientes, geração de energia limpa e melhor gerenciamento de resíduos municipais reduziriam as principais fontes de poluição do ar externo, na opinião de Nunes Duro.

Para se proteger individualmente, o médico aponta algumas ações, entre elas, ter hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, não se expor ao tabaco, ativa ou passivamente, praticar atividade física e buscar manter a mente tranquila. “Isso é o que nos mantém com imunidade em dia e com menor risco de desenvolver doenças pulmonares ou cardíacas.” A utilização de máscaras respiratórias adequadas é uma forma de se proteger individualmente. “Pelos mesmos princípios que aprendemos com a pandemia do COVID-19, explica.

“Agora um recado: Pensar globalmente, agindo localmente. Se cada um fizer sua parte, cuidando do nosso ar, preferindo utilizar meios não poluentes para viver, reforçando o nosso envolvimento com a natureza, todos sairão beneficiados.”

Entrevista | Médico Luciano Nunes Duro

(Foto: Luciano Nunes Duro)

Viver Cidades: Quais os efeitos que a poluição veicular causa na saúde das pessoas?

Nunes Duro: Já que nosso sistema respiratório está em grande contato com o meio ambiente, a qualidade do ar interfere diretamente na saúde respiratória. Até porque, uma quantidade significativa dos poluentes inalados é absorvida pela nossa circulação sistêmica através dos pulmões e pode causar danos em diversos órgãos e sistemas do corpo. A lógica é simples: quanto mais partículas nocivas no ar, mais poluentes no nosso corpo.

Viver Cidades: Pessoas portadoras de doenças respiratórias crônicas sofrem mais com a exposição à poluição?

Nunes Duro: Com certeza! O ar poluído é uma mistura de partículas e gases que são emitidos para a atmosfera principalmente por indústrias, veículos automotores, termelétricas, queima de biomassa e de combustíveis fósseis. As altas concentrações de poluentes do ar, principalmente aqueles de menor tamanho, entram nas nossas vias aéreas e chegam nas menores partes do nosso sistema respiratório. Até lá, esses poluentes reduzem as defesas naturais das nossas vias aéreas, irritando-as. Além disso, produzem inflamações crônicas que diminuem o espaço de troca do gás carbônico por oxigênio, reduzindo a sua oferta. Isso pode levar a doenças respiratórias crônicas ou piorar aquelas pessoas que já têm esses problemas.

Viver Cidades: Pessoas com baixa imunidade, por conta de outras doenças, podem ser mais impactadas pela poluição?

Nunes Duro: Sim, a exposição à poluição do ar neste grupo de pessoas aumenta a probabilidade de infecções em geral, principalmente as respiratórias, procura por atendimentos em emergências, hospitalização e morte.

Manutenção preventiva traz benefícios como a redução de emissão de poluentes/gases tóxicos

Coordenador do curso Técnico em Manutenção Automotiva da Univates, Scheurmann explica que toda emissão de gases, o importante é estar dentro dos padrões estabelecidos pela legislação para evitar o excesso de poluentes (Foto:Edson Antenor)

A frota nos seis maiores municípios do Vale do Taquari (Lajeado, Teutônia, Estrela, Taquari, Encantado e Arroio do Meio) é de 182.592 veículos, segundo dados do Detran-RS, em dezembro de 2022. Considerando uma população, 231.473 habitantes, conforme relatório parcial do IBGE, também divulgado em dezembro, isto representa 1,26 pessoa por carro.

Embora os números pareçam altos, a contribuição para poluição atmosférica pode ter mais impacto pelo tempo de fabricação (veja quadro) e estado de conservação do que a quantidade de veículos em circulação.

“Observa-se uma redução dos poluentes de acordo com o avanço das tecnologias, carros mais novos e normas Proconve, destaca Edson Antenor Scheuermann, coordenador do curso Técnico em Manutenção Automotiva da Universidade do Vale do Taquari – Univates. Ele refere-se ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), uma divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Scheuermann explica que toda a queima de combustível gera emissão de gases, o importante é estar dentro dos padrões estabelecidos pela legislação. As novas tecnologias e o avanço na legislação contribuem para reduzir a emissão. Mesmo assim, qualquer linha automotiva, seja leve, pesada ou agrícola, requer cuidados desde a compra. “Revisões em dia têm interferência direta na autonomia, desempenho e na redução de gases poluentes.”

Tanto a manutenção preventiva quanto na corretiva é importante. Entre as recomendações estão usar, na medida do possível, peças homologadas pelo fabricante. A escolha do profissional que vai fazer o serviço também é importante. “O diagóstico correto é fundamental na área de manutenção, assim como atender as normas técnicas”, justifica.

As concessionárias geralmente têm equipe treinada para marca que representa. Se a opção for por oficinas mecânicas multimarcas, Scheuermann reforça a importância de saber qual a formação do profissional, se faz cursos de atualização e se dispõe de equipamentos adequados.

Se a manutenção preventiva é importante, a atenção para qualquer defeito ou sinal apresentado é fundamental para que o problema não se agrave. Ruídos diferentes ou indicações no painel não devem ser ignorados. O motorista deve ficar atento e observar se veículo apresenta falhas no funcionamento do motor, se custa a desenvolver e se reduz o rendimento. Uma das possibilidades, neste caso, é algum tipo de contaminação no combustível. Entre as consequências de rodar sem fazer o devido reparo estão prejudicar alguns componentes e expelir fumaça e gases fora dos padrões aceitáveis.

Com a palavra

Sabrina Marques Wolf, engenheira florestal

(Foto: Sabrina)

“As árvores funcionam como filtros que melhoram a qualidade do nosso ar, pois retiram o gás carbônico da atmosfera e, junto com a energia solar e a água, transformam em glicose (seu alimento) e oxigênio (que vai para a atmosfera). É o famoso processo de fotossíntese. Todavia, deve-se ressaltar que na respiração celular, a árvore libera gás carbônico também. Porém, no geral, o saldo é positivo para a produção de oxigênio. Em ambientes mais urbanos é possível verificar que as árvores estão “sujas”, pois partículas de poluição e sujeira também ficam retidas na superfície de suas folhas e tronco.

Além disso, existem as algas e os fitoplanctons que vivem em ambientes aquáticos (água salgada e doce) e que também produzem oxigênio através da fotossíntese. Alguns estudos indicam que as algas fotossintetisantes dos oceanos são o verdadeiro “pulmão do mundo”, produzinho 54% do oxigênio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Florestas.”

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