Quase uma semana após a tentativa de homicídio contra o promotor de Justiça de Teutônia, Jair João Franz, os líderes da segurança pública regional e estadual apresentaram os primeiros resultados da apuração. Em entrevista coletiva na quinta-feira, 24, foram detalhados aspectos referentes à motivação para o crime e sobre quem são os acusados.
Três pessoas foram presas após operação integrada que cumpriu 14 mandados de busca e apreensão nas primeiras horas do dia. A advogada Daiana da Silva Toledo, José Isidoro Kovalski e Éder de Souza Lucas são apontados como os responsáveis pelo atentado. A investigação ainda lista a advogada e Kovalski como mandantes, e Lucas como o executor.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e na casa de outras pessoas, em Teutônia, Bom Retiro do Sul, Arroio dos Ratos, Charqueadas e Rio Grande. Um pedido do MP foi aprovado para a coleta de material genético deles para confronto com o material recolhido no local do crime.
As motivações do crime ainda são apuradas, mas partem do pressuposto de uma desavença entre os dois mandantes com o promotor. Kovalski está preso e teria dado a ordem. Pela apuração policial, foram encontradas conversas em que o detento e a advogada planejaram a morte do promotor – eles mantinham relação profissional, em processos onde o promotor Franz atuava.
A exemplo do que ocorreu na sexta-feira da semana passada, 18, a alta cúpula da segurança estadual se reuniu no município. Desta vez, para prestar contas sobre a semana de trabalhos na região. “Desde o primeiro dia o Minstério Público (MP) já se deslocou para cá e desde então começamos a investigação em parceria com a Brigada Militar (BM)”, destacou o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, André Dal Molin.
O delegado responsável pelo caso, Juliano Stobbe, realçou o uso da tecnologia no auxílio às buscas e para que as provas recolhidas no local do crime pudessem ser vinculadas aos suspeitos. “Podemos dizer que felizmente temos ferramentas eficazes no combate à criminalidade.”
A atuação firme do MP foi um aspecto ponderado por Dal Molin. “O Ministério Público sempre será enérgico. Em plenário de júri, em audiências, nunca vamos baixar a cabeça para bandido”, contextualizou. “Isso nos mostrou que temos que ter uma resposta efetiva e rápida.” Ele apontou que a ação “nada tem a ver com algo mais grandioso arquitetado fora da comarca”.
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, foi na mesma linha. “O fato está ligado a uma questão pessoal e profissional com o promotor de Teutônia. Não é orquestrado.”
Operação Mãos Limpas
Uma suposta relação do caso com a atuação de Daiana na operação Schmutzige Hände, que investigou a administração municipal de Teutônia em 2018, foi questionada. “Essa operação possivelmente iniciou a desavença”, pontuou Stobbe. Dal Molin acrescentou que, à época, a advogada atuava como cargo de confiança e foi exonerada em função disso. A possibilidade de um avanço nas investigações está ligada à atuação de Kovalski com o crime organizado, uma vez que ele seria líder local de uma facção sediada em Porto Alegre.
Relembre o caso
O promotor de Justiça de Teutônia, Jair João Franz, sofreu um atentado na noite da quinta-feira, 17. O fato ocorreu quando ele chegava em casa, por volta de 21h10min, no bairro Centro Administrativo, e foi surpreendido por um homem que saiu de um matagal que atirou pelo menos 15 vezes contra o veículo.
Atingido por um disparo, que atravessou o braço e se alojou no abdômen, Franz foi levado ao Hospital Estrela, onde passou por avaliação, mas não foi necessário procedimento cirúrgico. Na manhã da sexta-feira, 18, o promotor recebeu alta.
