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SAÚDE

Fila de consultas eletivas chega a 2 mil pacientes na microrregião

Procedimentos foram suspensos durante o ápice da pandemia e a retomada dos atendimentos é desfio em meio ao aumento da lista de espera no Sistema Único de Saúde (SUS). Como forma de diminuir a demanda, municípios custeiam cirurgias de maior urgência

As principais demandas são em cirurgia geral, ortopedia, oftalmologia e neurocirurgia (Foto: Divulgação)

Devido ao grande número de internações por covid-19 durante o pico da pandemia, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) orientou os hospitais a suspender cirurgias eletivas não emergenciais. Pacientes próximos de serem chamados para os procedimentos tiveram as operações canceladas. Mesmo com a retomada, a demanda represada causou aumento na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto para consultas, quanto para cirurgias.

Na microrregião, mais de 2,3 mil pacientes aguardam atendimento em consultas especializadas. As demandas mais represadas são para encaminhamentos de cirurgias gerais, ortopedia, oftalmologia e neurocirurgia. Em Estrela, o paciente há mais tempo na fila aguarda há 1.119 dias, equivalente a três anos.

Segundo o setor de regulação do município, o sistema de cadastramento por parte das cidades sofreu alterações em setembro de 2022. Portanto, a medida também gerou fila para atualizar os registros já existentes durante um tempo. Como forma de diminuir a demanda, governos se organizaram para custear mutirões de cirurgia com recursos próprios ou de emendas, além de subsidiar procedimentos emergenciais e fazer contratação de profissionais reguladores, que trabalhem diretamente com o sistema de regulação.

Medidas para solução

Entre 2021 e 2022, o município de Colinas subsidiou 341 cirurgias eletivas com recursos próprios e de emendas parlamentares. Entre os principais procedimentos, a Secretaria de Saúde destaca cirurgias oftalmológicas, gerais, vasculares e ortopédicas. A destinação dos recursos para estas operações foi aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde.

“As cirurgias demandam também consultas pré e pós operatórias, além dos exames que também são pagos pela administração municipal. O Executivo decidiu direcionar as emendas da Saúde desta forma para auxiliar na diminuição da fila”, explica a secretária Angelita Herrmann. Atualmente, cerca de 105 pessoas aguardam por consulta em Colinas.

Em Bom Retiro do Sul, a Secretaria de Saúde tem como meta zerar a demanda reprimida. Além das cirurgias pagas até o momento, procedimentos de cirurgias gerais, hérnia, vesícula e histerectomia devem ser feitas até novembro, de acordo com o contrato firmado com o Hospital de Caridade Sant’Ana. A Secretaria de Saúde também informa que um enfermeiro foi direcionado para acompanhar a regulação dos pacientes na fila de consultas especializadas.

O investimento de R$ 300 mil em 25 procedimentos também ajudaram no encolhimento da demanda em Fazenda Vilanova. Ao todo, desde 2021, foram feitas 38 cirurgias nos moradores do município. Em Imigrante, o município também empregou recursos nos mutirões, que foram organizados em quatro fases. Durante a última etapa, cerca de R$ 100 mil foram destinados às operações.

Como forma de agilizar a demanda, o governo de Estrela contratou um médico regulador, que atua duas vezes na semana, para aprimorar os cadastros. Além disso, foram destinados mais de R$ 400 mil para custeio das cirurgias. Segundo o secretário Celso Kaplan, além do resultado da suspensão dos procedimentos eletivos, durante o período pandêmico muitas pessoas cancelaram convênios de saúde. Como impacto, a fila no município dobrou. Hoje, pelo menos 300 pessoas aguardam por cirurgia geral.

Capacidade dos hospitais

Afora a disponibilização de consultas especializadas, os hospitais também operam com número específico de procedimentos cirúrgicos por mês. O Hospital Estrela possui ambulatório de cirurgia geral e realiza, em média, 30 cirurgias por mês, além de ser referência para 18 cidades da região.

“Após a primeira consulta com médico cirurgião, a pessoa passa a ser paciente do hospital onde realizará a cirurgia e o acompanhamento necessário. No Hospital Estrela, as cirurgias são, basicamente, de colecistectomia (retirada da vesícula) e de hérnias em geral”, explica o gerente administrativo do Hospital Estrela, Johnnie Locatelli. Atualmente a casa de saúde, junto do poder público, tenta viabilizar a habilitação para que o hospital atenda casos de traumatologia, que hoje são encaminhados para Canoas.

O Hospital Sant’Ana também oferece cirurgia geral. A casa de saúde realiza 30 procedimentos por mês pelo SUS e é referência para 17 municípios.

Repasse do governo federal

O Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 32 milhões ao RS para consultas, exames e cirurgias represadas desde a pandemia. Para apurar a necessidade em cada município e promover mutirões, o Estado estabeleceu o prazo de 30 dias para o diagnóstico. A expectativa nesse primeiro momento é que o RS receba R$ 10,7 milhões, e o restante de acordo com a evolução dos serviços.

Para os gestores das casas de saúde, a indicação dos recursos é imprescindível a fim de suprir o baixo número de cotas mensais do SUS. A intenção do governo é no decorrer do ano reduzir para níveis pré-pandemia a espera de cirurgias programadas. Com aporte da União, o objetivo é viabilizar 72 mil procedimentos nos mais de 70 hospitais homologados.

 

Espera por consultas nas cidades

  • Bom Retiro do Sul – 246
  • Colinas – 105
  • Estrela – 1,8 mil
  • Fazenda Vilanova – 94
  • Imigrante – não informado

Programa nacional

  • Para a adesão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) ao programa do Ministério da Saúde, será elaborado um plano de ações em parceria com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems) e pactuados na Comissão Intergestores Bipartite (CIB);
  • O plano estadual deve conter, no mínimo: relação dos serviços de saúde, meta de redução das filas em 2023 e cronograma de aplicação do recurso;
  • Diagnóstico dos municípios precisa ser finalizado pelo Estado até 6 de março.

Como funciona:

  • Paciente consulta na Unidade de Saúde do município
  • Médico encaminha para avaliação especializada
  • Município cadastra pacientes e informações sobre o caso no sistema de Gerenciamento de Consultas
  • Profissionais reguladores classificam, autorizam ou solicitam mais informações, caso necessário
  • A consulta é marcada com base na disponibilidade de consultas por região, gravidade e tempo espera
  • Após consultas e exames especializados, o médico avalia a necessidade de cirurgia
  • Caso autorizado, paciente aguarda pelo procedimento
  • Após procedimento cirúrgico, paciente passa por consultas pós operatórias
  • O tempo de espera varia de acordo com o número de consultas disponíveis, número de cirurgias realizadas pelos hospitais homologados e especialidades
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