Jornal Nova Geração

DIAGNÓSTICO PREOCUPANTE

Estado precisa repor 23,6 mil professores em até sete anos

Secretaria da Educação confirma desafio em atrair jovens à carreira do magistério. Após quase dez anos, governo pretende lançar concurso para 1,5 mil vagas. Outra medida é criar projeto para incentivar a formação por meio de convênio com universidades

Projeto para formação em massa será posto em prática neste ano. Crédito: Filipe Faleiro

Desinteresse dos estudantes pela profissão, estrutura da educação pública estadual, carga horária distribuída em diferentes escolas e desvalorização salarial, estão no centro do debate sobre a dificuldade em repor professores.

Essa condição fica evidente a partir de relatório da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Em sete anos, será necessário repor 23,6 mil docentes nas escolas da rede pública. É o que afirma a secretária, Raquel Teixeira. “Se não fizermos uma formação em massa, teremos um apagão de professores”, antecipa.

O início para tentar minimizar esse gargalo será no primeiro trimestre de 2023. Após quase dez anos, o Estado fará concurso público para a função. O edital está pronto, diz a secretária. Serão 1,5 mil vagas para diversas áreas, com mais destaque voltado ao Ensino Médio, em disciplinas ligadas às exatas e linguagens. “Isso está longe de resolver o problema. Sabemos disso”, admite Raquel.

De acordo com ela, a previsão era lançar o edital em novembro. No entanto, faltam detalhes sobre as cotas de gênero e raciais. A distribuição desses percentuais estão em análise pela Procuradoria Geral do Estado.

A pesquisa Oferta e Demanda de Professores do Brasil, feita pela Federação Getúlio Vargas, aponta que apenas 2,4% dos alunos do Ensino Médio desejam se tornar professores. Esse percentual varia de acordo com as localidades. O líder em interesse é o Ceará, com 15%. Inclusive se trata do estado com melhor desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Projeto-piloto aos professores

Uma das estratégias do Executivo gaúcho é criar um programa de incentivo à formações em licenciaturas. Conforme a secretária Raquel Teixeira, o projeto-piloto está em fase final de análise. Consiste em três movimentos: 1) bolsa permanência para acadêmicos em cursos superiores para disciplinas com escassez de mão de obra; 2) convênio com universidades para compra das vagas; e, 3) contrapartida do estudante para atuar na rede estadual.

A ideia é começar com mil vagas em 2023. “Estamos nos detalhes, para ver como será esse investimento. Se der certo, e tenho certeza que dará, poderemos ampliar para 5 mil beneficiados em 2024 e 10 mil no outro ano”, ressalta a secretária. Na avaliação dela, se trata de um programa em que todos ganham, o estudante, a instituição de ensino e o Estado.

Ingresso no mercado

Na Univates, acadêmicos dos cursos de Letras e de Pedagogia estão entre os profissionais mais requisitados. É o que afirma a coordenadora dos cursos, Grasiela Bublitz. “Recebemos contatos de escolas frequentemente buscando professores. Há um ingresso no mercado logo no início do curso”, afirma.

Por parte dos universitários, afirma que o maior interesse deles é por assumir funções nas redes municipais ou particular. Para as escolas estaduais, existe mais resistência. “Tudo pela imagem que se criou, de sucateamento da educação pública. É preciso mudar isso. Agora, como? Não tenho essa resposta.”

Em média, a Univates forma no curso de Letras presencial de cinco a 15 professores por semestre. Número semelhante para Pedagogia. “Repor mais de 23 mil professores em sete anos será muito difícil. É preciso de uma grande ação, inclusive para resgatar o status e a autoestima dos professores.”

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