Jornal Nova Geração

ELEIÇÕES 2022

Entre prefeitos do Vale, Leite e Bolsonaro têm maior apoio

Dos 37 gestores consultados, nome do PSDB ao Piratini tem 21 menções. Em nível federal, candidato à releição tem 15. Para cientista político, declaração de voto dos gestores municipais tem pouco impacto sobre o eleitorado local

Tribunal Regional Eleitoral do RS reuniu os candidatos ao Piratini para reduzir tensão nos últimos dias de campanha. Crédito: Gabriel Albuquerque/TRE-RS

Às vésperas do 2º turno, na eleição mais radicalizada desde a reabertura política nacional, prefeitos do Vale do Taquari se posicionam. Nessa segunda-feira, o gestor de Lajeado, Marcelo Caumo (PP), usou as redes sociais para anunciar ao eleitorado a preferência por Eduardo Leite (PSDB) ao governo estadual e para a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Em Estrela, Elmar Schneider (sem partido), havia se posicionado antes, logo após a votação do dia 2 de outubro. Também com apoio aos mesmos candidatos. Com isso, A Hora contatou os prefeitos do Vale do Taquari. Entre aqueles que abriram o voto, dos 37 nomes (a reportagem não conseguiu contato com Fábio Mertz, de Marques de Souza, para fechar o total de 38 municípios), Eduardo Leite tem a preferência de 21 gestores. Apenas Arsênio

Cardoso (União Brasil) de Tabaí, um declara apoio em Onyx Lorenzoni. Os 15 restantes preferiram manter o sigilo. Quanto ao governo federal, 19 prefeitos optaram por silenciar. Na contabilização, 15 confirmam voto em Jair Bolsonaro e três em Lula (PT).

Dos 37 prefeitos consultados, dez não abriram o voto para nenhum dos cargos. Entre estes está o gestor de Pouso Novo, Moacir Severgnini (PDT). “Os eleitores da cidade estão divididos. Há um ônus político. Melhor se concentrar na nossa gestão e deixar cada um escolher”, diz. Posição semelhante a posição do prefeito de Relvado. Carlos Fraporti (PP) realça: “o eleitor nem pergunta. Somos um município pequeno e não quero criar atritos.”

Já o integrante do PSDB, do ex-governador Eduardo Leite, prefeito de Mato Leitão, Carlos Bohn, adotou a defesa do tucano e optou por silenciar para o governo federal. “Mantenho a estratégia do partido. Temos de nos preocupar em manter o que foi feito no nosso Estado até agora, que passo a ser mais parceiro dos municípios.”

Em termos regionais, para a presidência da República, Bolsonaro venceu em 35 cidades, com 56,4% dos votos. Já o candidato Lula foi o mais votado em três, e teve 32,1% da preferência. Para o Piratini, Onyx Lorenzoni somou 39,6% dos votos válidos. Enquanto Eduardo Leite alcançou 23,6% do eleitorado.

Entrevista – Fredi Camargo • cientista político

“Alguns prefeitos acreditam ser necessário prestar contas políticas aos eleitores”

A Hora – Percebe-se que os prefeitos de municípios maiores costumam abrir o voto. Qual o motivo para isso?

Fredi Camargo – Talvez por haver uma pressão por parte dos diretórios partidários. Também por parte da própria população, por serem de colégios eleitorais maiores. Estamos em uma eleição radicalizada, com muito apelo nas redes sociais e uma consequente perda de respeito pela individualidade. Alguns prefeitos acreditam ser necessário prestar contas políticas aos eleitores.

– E nas pequenas cidades?
Camargo – Ainda há uma visão de se resguardar. Normal, pois há um pensamento mais vinculado a própria aldeia. Ao lado disso, também uma preocupação quanto ao retorno desse apoio após o resultado, no que se refere a emendas e projetos do Estado e do governo federal. Aquele pensamento de que alguma manifestação agora pode deixá-los reféns no próximo governo.

– Qual o ônus político de abrir o voto agora?
Camargo – Na prática, quase nenhum. A eleição está radicalizada em âmbito nacional, com pouca interferência sobre o pleito daqui a dois anos para a gestão municipal. Em 2024, serão outras propostas, outro tipo de embate. Pela característica do Vale do Taquari, a busca por voto é muito acirrada nos municípios e não chega a haver uma ligação sobre o posicionamento na majoritária para presidente e governador.

Temos até um exemplo. Os prefeitos do Alto Taquari, saíram da Amvat (Associação dos Municípios do Vale do Taquari) por causa dos pedágios. Brigaram com o governo estadual e agora, alguns apoiam o Eduardo Leite. Temos eleitores cobrando isso. É um exemplo de que a interferência no cenário macro não respinga nas fronteiras municipais.

– E o contrário. O ônus de não manifestar apoio?
Camargo – Eu diria que é nulo. É um direito de todos se preservar, de reservar a informação de quem vota, independentemente da sua condição de autoridade política ou não.

– O voto do prefeito engaja eleitores?
Camargo – Pouco. O eleitor já escolheu em quem vai votar e o anúncio do prefeito é muito mais para atender os diretórios partidários. Não vamos ver prefeitos engajados, indo as ruas, visitando os moradores para pedir voto em governador ou presidente. Eles não vão se expor dessa maneira. Imagina só, chegar na comunidade em que está devendo uma obra. Ele será cobrado pela promessa.

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