Jornal Nova Geração

PROJETO DO GRUPO A HORA

EmpreInove apresenta cenários para os negócios e à sociedade

Fórum estadual de empreendedorismo, estratégia e inovação reúne quase 400 pessoas no teatro da Univates. Desafios climáticos, Inteligências Artificiais e ser mais produtivo com menos mão de obra exigem novas soluções das empresas

Arrecadação com os ingressos do EmpreInove será depositada em um fundo para custear o plano regional contra as cheias (Foto: Marcos Rushel)

Como tornar mais profissional a governança corporativa? De que maneira se preparar para as transformações sociais e no consumo? Quais os indicadores econômicos do país para o próximo ano? O que uma empresa precisa para se manter relevante no futuro? Essas foram algumas das perguntas centrais que nortearam a edição 2023 do EmpreInove – Fórum Estadual de Empreendedorismo, Estratégia e Inovação. A programação ocorreu na terça-feira, 21, na Univates.

Cerca de 400 empresários, gestores e analistas acompanharam as palestras com o professor e consultor empresarial Carlos Alberto Vargas Rossi, com o Head de Inovação da Ayoo e futurista Luiz Candreva, e com o ex-ministro da Fazenda e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy. No encerramento, painel com CEO da Neugebauer, Ricardo Vontobel, diretora da Gota Limpa, Camile Bertolini Di Giglio e o diretor da Docile Alimentos, Ricardo Heineck.

“Mantivemos o EmpreInove pois consideramos que, embora esteja desafiador, devido a uma nova enchente, a vida precisa continuar. Estamos aqui pois precisamos gerar renda, riquezas e trabalho às pessoas”, afirma o diretor Executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss.

A presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Graciela Black, realça o propósito de separar uma tarde para debater negócios e buscar experiências diversas para adotar processos de crescimento dentro das organizações.

O EmpreInove é uma realização do Grupo A Hora e da Acil. Conta com o patrocínio do Colégio Gustavo Adolfo, Brasrede, Thérapi, Smart Tecnologia, Cooperativa Sicredi e Grupo Imec. O apoio Origen Invest/Safra Invest.

Empresas mais seguras

Conselheiro de empresas certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e professor universitário, Carlos Alberto Vargas Rossi abriu a programação. O especialista apresentou desafios, experiências e características fundamentais para o sucesso de um sistema de governança.

Ele contextualizou a evolução da administração e como unir o conhecimento científico à veia empresarial. “A governança existe para deixar nossas empresas mais seguras”, afirma Rossi. Em cima disso, salientou a importância de haver conselheiros independentes, sem vínculos atuais ou anteriores com as organizações, para garantir um olhar novo sobre a saúde do negócio. Sobre o papel do conselho, o professor dividiu as funções em monitoramento e estratégia.

Ao abordar conflitos, Rossi afirmou que “os melhores conselhos de administração são lugares muito desconfortáveis e é assim que devem ser.” Sobre o que se deve evitar, assinalou o conflito de interesses. “Deixar isso de lado é um dos deveres fundamentais do conselho. Dever de cuidado, de lealdade e dever de integridade.”

Para o conselheiro de empresas Carlos Rossi, é necessário unir o conhecimento científico à veia empresarial para bem administrar (Foto: Isabel Cornelius)

Adaptar-se ao futuro

Estar preparado às transformações da sociedade e ver oportunidade quando ocorre alguma disrupção. Foi nesta linha a contribuição do futurista e Head de Inovação da Ayoo, Luiz Candreva.

Candreva compartilhou lições para guiar empresas, governos e indivíduos. “O futuro é de quem sabe navegar no caos e fica confortável nele”, afirma. Para ele, é necessário se preparar a partir de dados, cenários, perspectivas. “Compreender as dores essenciais das pessoas é crucial para a inovação. Empresas bem-sucedidas visualizam como meta resolver problemas, adaptando-se às demandas do mercado.”

O futurista também destaca que “o futuro não pode ser visto com olhos do passado”. Neste sentido, alertou para as mudanças impostas pela Inteligência Artificial. “Não se trata de ser contra ou a favor. Quem não usar, vai ficar para trás. É como querer usar lampião enquanto os concorrentes têm eletricidade”, afirma.

Aumentar a produtividade

Um dos palestrantes foi o ex-presidente do Banco Central, Joaquim Levy (Foto: Marcos Rushel)

O ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, Joaquim Levy, fez uma análise das duas principais economias mundiais (EUA e China), da Argentina, e como os indicadores posicionam o Brasil para 2024 e 2025.

Ele apresentou um cenário otimista para o país. “Felizmente, a economia não está ruim. Primeiro, a inflação despencou bastante, puxada por fatores globais. A taxa de juros está em queda. O preço dos alimentos vem caindo, o que faz com que a inflação industrial também caia,” afirmou Levy.

Ressaltou que a queda na inflação aconteceu sem o Brasil enfrentar uma recessão e que o mercado de trabalho se manteve mais alto do que antes da pandemia. “Está dentro da faixa de tolerância da meta, e o risco imaginado de 4,6% de inflação pode ser menor, se o combustível continuar caindo e o dólar estiver estável. Isso dá fôlego para queda dos juros e para o crescimento.”

Nas exportações, Levy destacou os avanços nos principais produtos, como petróleo, soja, milho e ferro. Esses números devem se repetir nos dois próximos anos. Para ele, mesmo com a queda do PIB no ano que vem, o cenário é estável, pois há muitos estoques para serem comercializados.

Em cima disso, ressaltou que para o Brasil conseguir cobrir o rombo fiscal é necessário manter um crescimento entre 2% a 3% do PIB nos próximos anos. “Assim é possível cobrir o déficit público sem majorar impostos.”

“Se estagnar, perde mercado”

No painel de encerramento do EmpreInove, três diretores de empresas consolidadas apresentaram detalhes das estratégias de gestão e como buscar a profissionalização de processos, tanto no escopo da liderança quanto na equipe de funcionários. Eles destacaram pilares de uma administração atenta ao presente, com um olhar sobre cenários futuros e necessidades dos consumidores.

“Na Neugebauer, fizemos uma reestruturação na última década e hoje ocupamos a terceira posição entre chocolates no país. Para conseguir isso, é investimento e muito trabalho. Se estagnar, perde mercado”, aponta Vontobel.

Para Camile, na gestão das empresas, mesmo as familiares, é preciso um olhar profissionalizado, com foco nos valores da organização. “Sem dúvida temos de nos atualizar. Se tiver que mudar processos, áreas de atuação, que se faça, mas sempre mantendo os princípios e valores da empresa.”

Neste sentido, Heineck enalteceu a necessidade de aprendizado. “Vamos errar. O bom seria aprender com o tombo dos outros. Mas não é assim. É quando erramos que aprendemos”, comenta. Para ele, empresa sólida no futuro se faz hoje. “É o trabalho de agora que fará o amanhã. É fundamental agregar pessoas com inteligência para podermos crescer”, conclui.

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