Jornal Nova Geração

“Eles sentem falta do abraço”

ESTRELA – Os idosos institucionalizados fizeram parte dos primeiros grupos prioritários a receberem a vacina contra a Covid-19. Mesmo assim, a vitória da imunização chegou quase um ano após o início da pandemia e das restrições de visitações que foram impostas nestes locais, como forma de proteção àqueles que geralmente já possuem alguma comorbidade, trazida pela idade, e desenvolvem formas mais graves da doença.

Na Vovolândia Residencial para Idosos não foi diferente. Administradora do local, Pauline Brönstrup, conta que são aplicados protocolos em cima de protocolos. “Sempre ouvimos que trabalhar com a saúde mental e física seria para quem tem o dom de se dedicar ao próximo, acima de suas próprias necessidades. E com a pandemia tivemos a certeza disso. Porque trabalhamos e nos dedicamos em favor deles. E do nada tudo virou mudança de rotinas, reestruturação de pessoal, troca de horários, tudo em favor de manter a qualidade de vida de todos”, destaca.

Por WhatsApp

Liria Terezinha Schuh, de 65 anos, tem um celular próprio e conversa muito com a família. Além disso, há um grupo com todos os filhos e também com Pauline, para repassar informações. “Postamos fotos, atividades que acontecem aqui, para que eles saibam o que ela estava fazendo, pois ela costumava sair fim de semana para almoçar, passear e eles sentem falta disso.”

Pauline conta que Liria possui até Netflix no quarto. “Tivemos que estender o wi-fi para que pegasse em todos os locais, porque vários têm telefone no quarto, fazem chamadas de vídeos, assistem séries, então é muito bacana.”

*Liria em chamada de vídeo com a filha Geane

Contato remoto

Desde que as visitas foram suspensas na Vovolândia, os idosos mantêm contato remoto com familiares e amigos. Por conta disso, a instituição disponibilizou um telefone para esses momentos. “O contato com a família foi fundamental neste processo, mesmo que remotamente todos foram muito presentes, sempre ligando, chamadas de vídeos, recados gravados. Ligações diárias sempre e, muitas vezes, até agendadas”, conta.
Além disso, fotos eram enviadas para gerar tranquilidade. “Cada detalhe e sorriso acalma a todos e mostramos que estamos bem. As datas comemorativas foram intensas, tivemos várias ideias bacanas para não deixar passar esses momentos que para nós sempre foram únicos e que, na ocasião, era só nós. Verdadeiramente fizemos jus às palavras família Vovolândia”, enfatiza.

Festa no telão

Com a pandemia veio outro desafio: como explicar para as famílias a necessidade do isolamento? Outro ponto desafiante, segundo Pauline, foi confortar a ausência da família no coração de cada um dos vovôs residentes. “Foram dias tensos, mas de muito aprendizado e troca de experiências. Eles sentem muita falta do contato, do abraço, do carinho dos filhos, netos e amigos”, destaca.

Assim, o lugar da presença familiar precisou ser substituído por atividades de música e recreação. “Não foi fácil, não era a mesma coisa, aprendemos todos juntos a nos reinventar. Tivemos que nos modernizar, fazer festas de aniversário com telão em chamada de vídeo, em recados gravados e transmitidos.” Pauline também agradece. “A todos por continuarem mesmo quando tudo parou. Em meio ao medo e às incertezas todos permaneceram firmes, trabalhando com amor em prol da saúde de nossos idosos.”

 

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