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Dia da Cerveja: cervejarias resgatam tradição secular

(Fotos: Carlos Eduardo Schneider)

Nesta sexta-feira, dia 6, é comemorado o Dia da Cerveja. Mais clara ou escura, suave ou amarga, a “gelada” está entre as bebidas preferidas, principalmente em uma região de colonização predominantemente alemã. Muitos, inclusive, mantêm a tradição e produzem sua própria cerveja. Novas tecnologias desafiam o tempo, sem abrir mão do aroma, sabor e prazer de apreciar uma boa bebida.

Em Estrela, a Associação dos Cervejeiros Artesanais (Acerva) existe desde 2013. O grupo busca o resgate da cultura cervejeira no Vale do Taquari e em todo mundo, além de promover encontros, palestras, cursos, festivais, concursos, degustações e passeios relacionados ao tema. A associação possui 33 sócios e tem sede na Linha São José. Os encontros são mensais. “Nas nossas reuniões são discutidos assuntos como próximos eventos, o que está rolando no mercado cervejeiro, cursos, palestras”, explica o presidente da Acerva Estrela, Márcio Braun, de 35 anos.

Evento em outubro

Nos encontros, cada associado pode levar suas cervejas para avaliação do grande grupo. “Alguns produzem cerveja de forma individual. Outros em grupo. Mas o mais importante é sempre estar produzindo. Temos um equipamento na sede que pode ser utilizado por todos os sócios”, lembra Braun. A entidade está programando um evento para o mês de outubro, mas depende do desenrolar da pandemia.

Processo de produção dez vezes mais rápido

O método “flash fermentação” é uma nova opção para o mercado cervejeiro. Desenvolvido durante 15 anos, pelo cervejeiro Alexander Moreira, de 53 anos, em sociedade com o empresário Vitor Pies, de 48, a técnica promete um processo até dez vezes mais rápido, além de minimizar as perdas, em função da fermentação. Neste método, totalmente desenvolvido em Estrela, o processo de fermentação, que demora 20 dias, para aproximadamente 50 horas de fermentação. As vantagens, segundo os sócios, são diversas. A levedura pode ser utilizada em até 10 processos fermentativos. No método convencional, a perda pode chegar a 20%, enquanto que no método “flash”, apenas 0,5% do produto vai fora.

Menos espaço

Outra vantagem é que a planta industrial pode ser reduzida de 250 para 25 metros quadrados, já que o tempo de fermentação é menor. “A fermentação acelerada é a parte mais simples do processo. Conseguimos produzir uma cerveja com todas as características de um produto feito no processo convencional, ou até melhor”, declarou Moreira. Pies defende que o método é apenas uma opção. “É biotecnologia. Estamos no século 21 e todos os setores podem e devem utilizar dos recursos tecnológicos para se modernizar. A produção de cerveja também pode e é isso que fazemos aqui”, disse Pies. A empresa tem clientes em diversos estados do Brasil e interessados na Europa.

O Brew Pub de Linha Chá da Índia

Adriano é proprietário da Sonora Artesanal

Para quem sai de Estrela, rumo a Colinas, ainda no Distrito de Costão, indo à direita na Estrada Chá da Índia, vai encontrar o Adriano Prediger, de 45 anos. Proprietário de um Brew Pub, na localidade, o cervejeiro produz desde 2016 e utiliza o método “flash fermentação”, e todos os finais de semana tem o pátio cheio. O estilo Brew Pub significa que a cerveja é produzida e consumida naquele local, sem ser comercializada fora dali. “Eu era maestro, e juntava dinheiro para, quando me aposentasse, pudesse curtir a vida na minha propriedade, fazendo cerveja e recebendo os amigos. Mas veio a pandemia, os contratos de regência foram cancelados e eu me aposentei e vim ser feliz mais cedo”, conta Prediger.

Toda a estrutura do estabelecimento foi feita por Prediger, com as próprias mãos. Ele produz seis tipos de cerveja, todos da escola germânica, para harmonizar com os pratos, que também são pratos típicos. Chopp Pilsen, Trigo, Munique e Dunkel, Vienna Lager e German IPA são as notas, com as quais o maestro compõe. “Meu parâmetro de qualidade são meus clientes. Um deles, inclusive, me disse uma frase que marcou: “Tua cerveja, quando desce, vai ao coração”. Este tipo de retorno é o que basta para permanecermos na linha em que estamos”, declarou Prediger.

Um casal cervejeiro

Daniel e Ana Decker, ambos com 42 anos, são proprietários da Cervejaria Meridional

Daniel e Ana Decker, ambos com 42 anos, são proprietários da Cervejaria Meridional. Ele ainda trabalha com automação industrial, então, quem conduz os negócios 24 horas por dia é a Ana. A Meridional iniciou as atividades em junho de 2018. Na época, além de Decker, Eduardo Schödler fazia parte do quadro societário. O nome da cerveja surgiu, pois ambos trabalhavam na Meridional de Tabacos. Depois de muito beberem apenas por diversão, decidiram fabricar o produto.

De lá pra cá, “muita cerveja passou por dentro desse barril”. Ana e Daniel produzem as qualidades Pilsen, Weiss, Blonde Ale, Red Ale, American Pale Ale, Black IPA, Doppelbock e está na fermentação a primeira brassagem de Oatmeal Stout. A empresa conta com o cervejeiro Mateus Sulzbach. “Passamos por muitos desafios, tanto empresariais quanto pessoais, mas desistir nunca foi uma opção. Hoje estamos seguindo, com uma carta qualificada de cervejas”, relata Ana.

FOTOS DE CARLOS EDUARDO SCHNEIDER

Márcio Braun, presidente da Acerva, diz que grupo busca resgate da cultura cervejeira

Adriano Prediger tem como parâmetro a satisfação dos clientes

 

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