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POLÍTICA

Deputados criam frente para defender indústrias gaúchas

Crise no setor de proteína animal motiva organização parlamentar. Nomeação dos membros ocorre hoje e presidente será Airton Artus (PDT)

Deputado Airton Artus. (Foto: Rodrigo Gallas)

Os custos elevados à produção de aves, suínos, gado de corte e de leite, geram preocupação sobre o futuro das agroindústrias. Dois anos de instabilidade nos preços da ração animal, dos fertilizantes e dos fretes internacionais tiveram impactos sobre toda a cadeia.

“Queremos debater soluções, mobilizar os agentes públicos e chamar atenção de toda a sociedade sobre os riscos sociais e econômicos que estamos vivendo”, diz Airton Artus. O deputado do PDT, ex-prefeito de Venâncio Aires, será o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Proteína Animal.

A nomeação dos integrantes ocorre em cerimônia hoje às 11h na Assembleia Legislativa. “Eu tinha muita resistência em ampliar esse tema, pois víamos algumas crises localizadas. As mais conhecidas das cooperativas Languiru e Piá. Porém, a queda constante no faturamento de outras indústrias mostra a importância de mantermos a atenção sobre a situação.”

Na análise dele, é preciso haver um debate mais profundo sobre todo o segmento, para que a população e os governos tenham informações sobre o que levou a essa desregulação e como interfere sobre a geração de emprego e renda.


ENTREVISTA – Airton Artus • deputado estadual pelo PDT

“Na hora ‘H’, todos precisam do governo”

A Hora – De que maneira a frente parlamentar pode ajudar a cadeia produtiva gaúcha?

Airton Artus – A Assembleia Legislativa tem como tradição assumir grandes debates. Além disso, é um espaço aberto para toda a sociedade. Temos um canal direto com os frigoríficos e com os produtores. Recebemos informações e demandas, em especial das pequenas e médias empresas. Quanto mais visibilidade pudermos dar a esse assunto, mais será possível encontrar soluções.

– Quais seriam essas soluções?

Artus – Essa crise no setor de proteína animal está vinculada ao preço das commodities, dos insumos e da desregulação nos mercados. As agroindústrias estão pagando mais para produzir e o mercado interno não consegue absorver essa elevação.

Outra questão é a alta dos juros. Essa situação inviabiliza a tomada de crédito, os investimentos e ampliações para atender outros mercados mais rentáveis. Por isso mesmo, passou da hora de termos linhas de financiamentos subsidiados ou com juros reduzidos. Isso está caindo de maduro.

– O governo federal já se posicionou que pretende recriar os estoques reguladores de soja e milho. O senhor acredita que essa medida pode ser algo para ajudar o setor?

Artus – É um caminho. Sabemos que os preços começam a se estabilizar no mercado internacional, mas o menor custo às indústrias será só no próximo ano. Ter um estoque interno pode trazer mais previsibilidade à cadeia produtiva.

No Brasil, debatemos muito a participação governamental ou não. Se devemos ser liberais ou estatizantes. Mas, na hora “H”, todos precisam do governo. Então, estoque regulador e linhas de créditos especiais, são duas formas de socorrer a produção de carnes.

– Como tem sido a interlocução com o Congresso Nacional, em especial com a bancada gaúcha em Brasília? E também com os governos, do Estado e do país?

Artus – Nosso intuito é colaborar com os governos. Pelo Executivo gaúcho, a ideia é formar um núcleo para tratar do tema. Conversei com os secretários Feltes (Giovani, de Agricultura) e com o Polo (Ernani, Desenvolvimento Econômico) e existe um olhar sobre o que é possível fazer.

Em nível federal, há bastante proximidade com a bancada gaúcha. Agora, o acesso aos governos não é simples. Para questões simples, há demora para serem decididas. Por experiência, é difícil alertar os governos para os problemas que estão na base. Enquanto sociedade, ficamos muito no embate político e ideológico, e isso fica mais evidente nos executivos.

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