No ano em que celebra duas décadas de envolvimento com o jiu-jitsu, a estrelense Alessandra Nunes Wuensch, 34, alcança um feito marcante: conquistou a faixa-preta na modalidade. Formada em Educação Física e apaixonada pela arte marcial, ela se destaca pela trajetória dedicada à formação de crianças e adolescentes, promovendo inclusão, respeito e desenvolvimento pessoal por meio do esporte. Alessandra vê no jiu-jitsu uma filosofia de vida. As aulas valorizam o aspecto humano, trabalhando disciplina com leveza, hierarquia com afeto e técnica com diversão.
Como começou sua trajetória no jiu-jitsu?
Alessandra Nunes Wuensch – Minha primeira experiência com o jiu-jitsu foi em 2005, por meio do meu marido, que é multicampeão no esporte. Entre idas e vindas nos treinos, fui me envolvendo cada vez mais com o universo da luta. Mesmo quando não estava treinando ativamente, estive sempre presente na academia, ajudando na organização de campeonatos, nas viagens e na parte burocrática. Em determinado momento, tive dúvidas sobre qual caminho seguir profissionalmente. Já formada como técnica em Nutrição e Dietética, decidi cursar Educação Física para também poder ajudar no jiu jitsu. Cheguei a competir e até ganhar medalhas, mas meu verdadeiro foco sempre foi incentivar e ajudar as pessoas a crescer por meio do esporte.
E como surgiu seu trabalho com crianças e adolescentes?
Alessandra – Sempre trabalhei com o público infantil, então essa atuação veio de forma natural. Após as enchentes que atingiram nossa cidade, recomeçamos praticamente do zero, e eu passei a assumir turmas de crianças e adolescentes. Durante a pandemia, busquei especializações e conhecimentos que me ajudassem a atender melhor diferentes perfis de alunos. Com o intuito de ajudar uma amiga e aluna, estudei sobre o desenvolvimento de crianças atípicas. Isso me ajudou muito, inclusive, a identificar que meu filho é autista ainda no primeiro ano de vida. Mas o meu trabalho nunca foi voltado a um público específico — faço questão de incluir e desenvolver todos os meus alunos, respeitando o tempo e as capacidades de cada um. Acredito que o jiu-jitsu tem esse poder de transformar, desde que a gente olhe para o outro com empatia e dedicação. E eu utilizo isso em todas faixa etárias e aulas que dou.
O que representa essa conquista para você?
Alessandra – É uma realização muito grande, porque simboliza toda uma história vivida dentro e fora dos tatames. Ser a primeira mulher de Estrela a conquistar a faixa-preta é fruto de muito trabalho, dedicação e, principalmente, do apoio e comprometimento dos meus alunos. Hoje tenho cerca de 80 alunos e acompanho de perto a evolução de cada um. Ver o jiu-jitsu mudando a vida das pessoas, fortalecendo a autoconfiança, formando caráter, isso é o que mais me motiva. A conquista da faixa-preta é nossa. É da equipe, da família, da superação que vivemos juntos. A luta segue com propósito, paixão e entrega.