Atraso. Esse é o sentimento dos 36 integrantes da comitiva regional após a missão em Santa Catarina, quando se compara com a estrutura disponível no Rio Grande do Sul. A programação ocorreu entre domingo e ontem.
O grupo da região foi composto por prefeitos, servidores públicos, pesquisadores, integrantes das defesas civis, empresários e representantes de associações de associações de classe. “Líderes da região assumiram um compromisso. De auxiliar para termos melhores respostas tanto na prevenção quanto no socorro das pessoas em áreas vulneráveis. Essa visita é mais um passo para adotarmos estratégias mais assertivas”, afirma o diretor Executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss.
Sob este prisma, algumas medidas de curto prazo possíveis de ser implementadas dizem respeito a melhorias na comunicação. Entre elas, está a central 199. A área tem seis computadores com telefones. Em períodos de alerta, voluntários assumem a função de atender as ligações das pessoas.
“O cidadão liga, informa onde mora, a rua e o número. Assim recebe informações em tempo real de qual o nível está o rio Itajaí Açu e quanto a cota da área em que ela reside. Assim consegue estar sempre atualizada para seu próprio plano de contingência”, afirma o secretário de Defesa Civil de Blumenau, Cesar Olimpo Menestrina.
Outro movimento de destaque foi a criação do portal AlertaBlu. Uma plataforma digital que concentra informações sobre áreas de risco hidrológico e geológico, total de chuva, curvas sobre a elevação do nível da água e de avanço em áreas vulneráveis.
Para a organização estadual de SC na Defesa Civil (DC), são 200 servidores. Por ano, o orçamento para a central integrada supera R$ 150 milhões. No quadro funcional, há muitos especialistas de diferentes áreas. Passa pela meteorologia, hidrologia, geologia, assistência social, direito e outras formações.
Experiência em catástrofes
No ano passado, o estado catarinense contabilizou mais de 860 catástrofes climáticas. “Neste ano vamos ter a metade disso, mas com um impacto muito maior”, compara o comandante.
Conforme Nunes, a equipe atua em formas de escalas de trabalho, com monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana. De acordo com ele, a atuação técnica do serviço precisa ser concentrada para atendimentos prioritários.
Entre as diferenças para o RS, está o trato com donativos. “Receber, selecionar e catalogar as doações é uma encrenca para a Defesa Civil. Esse trabalho não fazemos, pois tira o nosso foco e energia para o que é essencial em momentos de crise.”
O que a DC tem são kits básicos. Passa por alimentação, água, acomodação (colchões, lençóis, travesseiros e cobertores), também para higiene pessoal e limpeza para retorno às moradias.
Emergências com as pontes
Pelo modelo catarinense, uma das preocupações é com a mobilidade. Em cima disso, há um fundo de R$ 60 milhões destinados para reconstrução de pontes e acessos. Há uma tomada de preços estabelecida pela Defesa Civil do Estado para compra de peças. Tanto para reconstrução em concreto quanto para ligações metálicas. Neste ano, diz o comandante, foram 125 pontes de concreto refeitas e 181 de kits metálicos.
Aprender com a dor
Blumenau é a terceira maior cidade catarinense. São mais de 360 mil habitantes. O município fica no Vale do Itajaí, região vulnerável para enchentes e deslizamentos. Desde a formação, há episódios de catástrofes climáticas. “Os primeiros habitantes chegaram, vivenciaram as enchentes. A primeira ideia era abandonar. Mas viram que havia uma região com condições de evoluir”, conta Carlos Olimpo Menestrina.
De acordo com o secretário da Defesa Civil de Blumenau, houve uma recorrência de catástrofes. Entre os marcos teve a enchente de 1983. A cidade ficou alagada por 32 dias. Com o passar dos anos, as enchentes frequentes provocaram uma mudança social. As moradias antes em áreas alagáveis foram para os morros.
Essa movimentação dos moradores teve como resultado a maior tragédia da história do município. Em 2008, as enxurradas geraram deslizamentos. Houve 24 mortes, cerca de 2,1 mil construções danificadas ou destruídas, quase 25 mil pessoas tiveram de deixar as casas.
Essa conscientização leva tempo, admite. No próximo ano, a Defesa Civil de Blumenau completa 50 anos e, entre as medidas implementadas ao longo deste tempo, estão programas voltados aos estudantes, com o propósito de criar uma mentalidade de como proceder em episódios extremos.
A Defesa Civil na Escola já impactou 50 mil jovens em duas décadas. No mesmo contexto, existe a Defesa Civil Mirim. Todos os anos são selecionados alunos para terem experiências no dia a dia da Secretaria Municipal.